O MARGS irá inaugurar dia 17 de maio às 19 horas sua primeira grande exposição do ano com obras de 60 artistas nascidos entre 1860 e 1982. Explorando a polissemia da palavra Alien, a exposição abordará diversas estratégias curatoriais para discutir as diversas facetas da produção artística, como a formação do cânone, as abordagens politicas do Outro, memória e cronologia e a inovação artística recente.
Dividida em três grandes segmentos, a exposição possui uma abordagem curatorial híbrida oriunda de um método não-cronológico e não hierárquico de montagem de exposições utilizado em exposições anteriores do MARGS como Labirintos da Iconografia e O Museu Sensível. As obras da exposição são em sua maioria provenientes do acervo do MARGS completadas por um segmento de obras de artista contemporâneos. Dando segmento a sua politica de privilegiar o acervo em suas exposições o Museu de Arte do Rio Grande do Sul realiza esta que pretende ser a maior exposição que a instituição já realizou dedicada a discutir os princípios de formação canônica, assim percorrendo as mais diversas abordagens artistas de meados do século 19 até a produção amis recente, tida como aquela que se mostra não só inovadora, mas radical em suas diversas abordagens do objeto artístico.
Com vem sendo feito em exposições anteriores do museu a organização curatorial da exposição foi realizada na forma de justaposições e paralelos entre obras de períodos, escolas e gêneros diferenciados, onde uma obra estará sempre ligada a outra e/ou conjunto de obras. No estabelecimento destas relações foi colocado uma ênfase em questões conceituais, estéticas, históricas, técnicas e ainda outras abordagens como gênero, classe e abordagens que se mostram frutíferas para potencializar e expandir o significado de cada uma das obras presentes na exposição. A escolha das obras foi realizada como forma de quebrar pressupostos canônicos que fundamentam as hierarquias entre obras, e ao fazê-lo revelar os mecanismos que as definem como tendo maior ou menor importância em uma escala de valores estéticos, culturais e históricos..
Dando continuidade ao programa de exposições do MARGS instituído nesta gestão, esta é igualmente uma exposição concentrada em obras e não com ênfase em individualidades, salientando a importância de cada uma delas em um campo institucional de produção de conhecimento da produção artística que o museu quer privilegiar. As escolhas das obras foram realizadas para privilegiar uma disposição nãocronológica, avançando e recuando dentro do arco histórico definido pela exposição, buscando privilegiar a convivência entre obras no espaço de exposição produzindo mecanismos de amostragem que venham a enfatizar o potencial artístico de cada uma destas obras para além de sua proposição estética inicial. Assim a exposição busca instituir novas relações entre obras como entidades cujo potencial artístico seja capaz de se relacionar com obras de períodos e gêneros diversos para muito além da sua especificidade cultural e artística.
A exposição traz um considerável número de obras inéditas do acervo do MARGS que ainda não foram sido mostradas pelo museu, assim como obras canônicas da coleção, conhecidas do grande público, e ainda obras de outras coleções e artistas contemporâneos.
‘Alien: Manifestações do Disforme‘ está divida em quatro segmentos diversos, definidos através de proposições conceituais que articulam o projeto curatorial da seguinte forma:
1) Imagens que mundo esqueceu
Este segmento da exposição é composto por obras que nunca foram trazidas adequadamente à visibilidade pública. Através delas, vemos que a dimensão artística e estética pode ser ampliada em diversas direções, principalmente quando abandonamos a extensa lista de convenções que norteiam a constituição de objetos artísticos e suas posteriores escolhas. Encontram-se neste segmento obras que não ainda tenham despertado significativa importância de uma perspectiva artística ou acadêmica, mas que se constituem como objetos criativos e singulares no território da arte.
2) Desvios da norma
Este segmento abrange obras que, por sua constituição estética, situam-se fora dos parâmetros canônicos vigentes da produção consagrada pela crítica e pela historiografia. Se forem consideradas as convenções artísticas, as obras neste segmento demonstram um considerável desconforto em situar-se no âmbito das regulamentações do cânone estabelecido. Por isso mesmo, sua constituição é diametralmente oposta à produtividade discursiva da metodologia artística que pressupõe a regra como recurso da assinatura e da credibilidade formal.
3) Um outro entre tantos
O centro de abordagens políticas de gênero, classe e identidade é o que caracteriza o campo de articulação conceitual desse segmento da exposição. Dentro dessa ótica, a evidência de uma política das coleções e sua formação é introduzida como elemento fundamental da constituição de um acervo, assinalando a visão artística como não sendo destituída de uma predisposição de representação do aspecto social e político. Nesse segmento são contempladas obras que traduzem a condição do Outro como estrangeiro, visto muitas vezes como diferente e dissimilar à nossa própria constituição; disforme, portanto, diante do olhar muitas vezes viciado do preconceito.
4) Supernova
Composto pela produção de artistas da geração mais recente, este segmento introduz o novo para além da conhecida vontade das vanguardas históricas, possibilitando a apresentação de obras que ainda não estão institucionalizadas, mas que apresentam vocação para a radicalização dos procedimentos artísticos. Em sua dimensão propositiva, tais obras apresentam um campo de possibilidades que articula a vontade de constituição do objeto em contraposição à racionalidade das regras normativas da arte.
Artistas (8) do segmento Supernova:
Alessandro Amorin, Camila Schenkel, Dirnei Prates, Flavya Mutran, Guilherme Dable, Leandro Machado, Mayana Redin e Marcos Sari.
Na abertura da exposição ocorrerá a performance Tacet, de Guilherme Dable, com a participação dos músicos Diego Silveira, Antonio “Panda” Gianfratti e Thomas Rohrer. Nela, os músicos “operam” instrumentos preparados com papéis que além de alterar a sonoridade dos instrumentos, deixam registrados suas ações performáticas graficamente, gerando assim uma série de desenhos, ao mesmo tempo que executam a música.
A realização de uma exposição que invoque uma perspectiva alienígena para a constituição das obras está essencialmente fundamentada em uma perspectiva de articulação do estranho, daquilo que não encontra lugar imediato dentro dos parâmetros de canonização instituídos e colocados em efeito pelo processo de institucionalização.
Alien: Manifestações do Disforme apresenta a obra dos seguintes artistas:
(lista total, obras do acervo MARGS e convidados/Supernova)
Adma Corá – (Porto Alegre, 1958).
Alberto Guignard – (Nova Friburgo/RJ, 1896 – Belo Horizonte/MG, 1962).
Alessandro Amorin – (Caxias do Sul/RS,1970).
André Petry – (Porto Alegre, 1958).
Arlete Sauer – (Passo Fundo/RS, 1923).
Arthur Piza – (São Paulo/SP, 1928).
Astrid Linsenmayer – (Porto Alegre/RS, 1936).
Bez Batti – (Venâncio Aires/RS, 1940).
Britto Velho – (Porto Alegre, 1946).
Camila Schenkel – (Porto Alegre/RS, 1982).
Cláudio Carriconde – (Arroio Grande/RS, 1934 – Santa Maria/RS, 1981).
Danúbio Gonçalves – (Bagé/RS, 1925).
Dirnei Prates – (Porto Alegre/RS, 1965).
Eleonora Fabre – (Sobradinho/RS, 195).
Elim Dutra – (Bom Jesus/RS, 1942).
Fernando Corona – (Santander/Espanha, 1895 – Porto Alegre/RS 1979).
Flavya Mutran – (Maraba/Pará, 1968). Abaixo, duas obras expostas na Mostra que também passaram a integrar a coleção permanente do MARGS.
Frank Shaeffer – (Belo Horizonte/MG, 1917 – Rio de Janeiro, 2008)
Guilherme Dable – (Porto Alegre/RS, 1976).
Guma – (Tapes/RS, 1924 – Porto Alegre/RS, 2008).
Gustavo Nakle – (Montevidéo/Uruguai 1951)
Hércules Barsotti – (São Paulo/SP, 1914-2010).
Iberê Camargo – (Restinga Seca/RS, 1914 – Porto Alegre/RS, 1994)
Ilsa Monteiro – (Porto Alegre, 1925).
Izrael Szajnbrum – (Urzedow/Polônia, 1924).
José de Souza Pinto – (Açores/Portugal, 1856 – Porto/Portugal, 1939)
Jader Siqueira – (Pelotas/RS, 1928).
João Gonçalves – (Uruguaiana/RS, 1950).
Kenji Fukuda – (Indiana/SP, 1943)
Leandro Machado – (Porto Alegre/RS, 1970).
Luiz Gonzaga – (Júlio de Castilhos/RS, 1940).
Lúcia Ramenzoni – (São Paulo/SP, 1943).
Luigi Napoleone Grady – (Santa Cristina/ Itália, 1860 – Brusimpiano/Itália, 1949).
Luiza Albuquerque – (Porto Alegre, 1927).
Luiz Alcione Moreira – (Porto Alegre, 1945).
Luiz Barth – (Taquara/RS, 1941).
Luiz Carlos Felizardo – (Porto Alegre, 1949).
Lyria Palombini – (Itanhadu/ MG, 1939).
Marcos Sari – (Porto Alegre/RS, 1972).
Mário Röhnelt – (Pelotas,1950)
Mayana Redin – (Campinas, 1984).
Milton Kurtz – (Santa Maria/RS, 1951 – 1996).
Moacir Chotguis – (Santana do Livramento/RS, 1954).
Noelia de Paula – (Salvador/BA, 1937).
Norberto Nicola – (São Paulo/SP, 1931-2007).
Paulo Aguinsky – (São Borja/RS, 1942).
Paulo Osir – (São Paulo/SP, 1890 – 1959).
Paulo Porcella – (Passo Fundo/RS, 1936).
Renato Hauser – (Porto Alegre/RS, 1953)
Roberto Cidade – (Caçapava do Sul/RS, 1939-Torres/RS, 2011)
Rodolfo Garcia – (Montenegro/RS, 1931).
Saint Clair Cemin – (Cruz Alta/RS, 1951).
Tânia Resmini – (Santana do Livramento, 1951).
Tomie Ohtake – (Japão, 1913).
Vera Rausch – (Porto Alegre, 1943).
Wilbur Olmedo – (Cachoeira do Sul/RS, 1920 – Porto Alegre/RS, 1998).
Wilma Villaverde – (Buenos Aires/Argentina, 1942).
Wilson Cavalcante – (Pelotas, 1950).
Wilson Alves – (Porto Alegre, 1948).
Yutaka Toyota – (Tendo/Japão, 1931).